segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Passagem

Eu vejo e os meus olhos acreditam.
Eu sinto e desejo de verdade.
Não são as passas, o champanhe, o subir a cadeira, o bater das panelas.
É tudo, tudo o que nos faz repassar, analisar e voltar a sonhar.
E porque não aproveitar este dia e prometer promessas que não se cumprirão?
E porque não sonhar com sonhos pelos quais não vamos lutar?
E porque não acreditar, ainda que por um dia, nos 364 que se seguirão?
Eu faço balanço, sonho, prometo e acredito!
E, quando começar a contagem, a partir do 12 vou-me agarrar ao momento,
Vou relembrar, vou prometer, vou sonhar,
E quando chegar ao 1, vou descer a cadeira com o coração cheio de esperança,
E acreditar que as gargalhadas que me enchem os ouvidos,
O amor que me rodeia,
Os sonhos que me alimentam
Me irão acompanhar,
Sempre,
Para que em mais nenhum dia do ano,
Eu possa gritar,
Contente,
A contagem decrescente do tempo!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

FELIZ NATAL

E porque família vai muito além do sangue que nos corre nas veias, por vocês Família, hoje, afinal, encontrei-me com o Natal!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Este Natal

Ausente...
Encontrando-me comigo às escondidas, encontros mansos, subtis.
Eu e meu pensamento, vigiados pelo coração.
Conversamos, tentamos nos entender.
Ele vê sentido, eu não.
Mas este dia não é meu. Nem dele.
É do coração.
E não vou de encontro à vaga, não é tempo de luta.
Está o que não posso mudar. Não me vou cansar.
Por isso deixo-me só estar.
Dispensei o pensamento.
Dei folga ao coração. Não vai cá estar por dois dias.
E é o que é e só pode ser assim.
Não ignoro, mas não posso absorver mais deste tempo.
Faço o que posso para compensar.
Mas o coração não pode acreditar.
Chegámos a um acordo.
O tempo não mudou o calendário.
Por isso, vou deixá-lo passar por mim.
Não me chamem agora pelo nome
Estou ausente, pra poder estar aqui.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Abrir A Porta À Vida


Fizeste-me pensar...

Não são pensamentos novos, é verdade. Tenho pensado sobre o assunto, bastante.
Atormenta-me a ideia de só conseguir escrever sobre...sobre isto...e sobre o que isto fez de mim.
De só conseguir...ou de não me permitir...

Assusta-me a ideia de me habituar a viver com esta ausência!

Pronto! Disse-o! É esta a verdade. Tenho medo de abandonar a dor, como se de alguma forma ela me permitisse não abandonar o capítulo da minha vida que encerrou.

Não sei se as guias das minhas asas ainda não voltaram a crescer...ou se serei eu que não me deixo voar.

Na verdade, ainda não me permiti a tentar.

Há respostas que ainda não encontrei. Há perguntas que ainda não me atrevi a fazer...

E AGORA?

Hoje li algures "Não é verdade que o tempo cura todas as feridas. Elas permanecem lá. O tempo apenas lhes coloca uma cicatriz por cima, atenuando a dor que elas provocam".

Vou pensar sobre o pensamento...Sei que o longe é do tamanho do meu olhar...

Talvez um dia destes eu abra a porta à vida...

Talvez um dia destes me lance no horizonte das incertezas...procurando as respostas que o a terra firme esgotou.

Talvez um dia destes te surpreenda, quando, ao me leres, olhares para cima e me vires de asas estendidas.

Então sei que estarás sorrindo, orgulhosa da tua gaivota rebelde, que não se conformou.

E no teu coração estará a alegria de saberes que, mesmo de asa partida, ela tentou!

domingo, 14 de dezembro de 2008

Crescendo


Os dias passam, um após o outro
O meu coração soma emoções
Às vezes rebenta de dor, mas outras, tudo é amor
Pequenina, vou-me reconstruindo
Sou o que fui e o que não sei ainda ser
Sou o passado que me enche, e o futuro que sonho
Dia a dia, o acordar é uma surpresa
Cresço a cada dia
E sei que o meu espaço vai ficando pequeno para mim
Vou adiando o meu momento
Serei eu que não quero ainda nascer?
Ou não é ainda o tempo de eu acontecer?
Preciso mas não quero me libertar ainda
Adio paciente o meu parto
Busco e construo o que perdi em mim
Não sou ainda o que quero ser
E não quero ser assim
Olho para ver, sou para acontecer
E neste ventre em que me defendo
Não posso ainda abrir a comporta da dor
Preciso me fazer para poder ser
Quero dar passos firmes na vida
Marcar, perpetuar, tudo o que habita em mim
No mundo que a vida semeou no meu quintal
Deixar as sementes que me farão crescer depois de mim
Inspirar os frutos do meu ser
Como a minha árvore me inspirou a mim
Saber que vou sorrir sem tremer
Expulsar a culpa de poder viver
Sem ser mais que a ferida que tomou conta de mim
Quero ser tudo e o nada que já não sei ser
Quero saber, que quando renascer
Me posso apresentar ao dia dizendo:
"Bom dia vida, esta sou eu, pronta a viver!"

sábado, 13 de dezembro de 2008

O Que Deus Uniu, Nem a Morte Pode Separar


9 meses, tempo de gerar um novo acordar
Deixei de ligar às datas, são muitas e eu não me quero lembrar
Mas hoje, a coincidência empurrou-me, e eu não me consegui desviar
Obriguei-me a pensar, a sentir, a especular
E, é este o dia que me faz avançar
É aqui que está o sentido, o aceitar

O que Deus uniu, nem a morte pode separar!

E por isso aqui, hoje, sou eu que vou festejar
Aí, juntos de certeza, podem continuar
O amor que vai muito além do casar
Sei que é esse o amor que me faz sonhar
Onde não se distingue o fim e o começar
Festejo esta união que me fez acordar
Para a vida de que só me posso orgulhar
E, mesmo sem querer rimar
O vosso amor será o eterno versar
No meu coração sedento de continuar
A eterna poesia do amar!
Eu sei,

O que Deus uniu, nem a morte pode separar!


terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O Meu Poeta

Nas tuas palavras nasci
Hoje o meu coração abarcou em ti.
Aí onde estás, ainda me podes ler?
De mansinho, velas o meu crescer?
As palavras perduram
E do passado empurram
Tanto amor, tanto ardor
E eu sinto-lhes o sabor
Como da primeira vez que as li
Sussurras-me o que escrevi
Quando morava no teu coração
E fazias de mim a tua inspiração
Serás sempre o Meu Poeta
Meu avô, qual profeta
Viste o teu continuar
"Andorinha que me vem acordar"
E se em mim te viste repetido
Da tua herança irei tirar sentido
E nesta, sempre nossa, poesia imortal
Possam, pelo tempo intemporal,
Serem minhas palavras o continuar
Do teu vitalício orgulhar

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Outros Pedaços de Mim

Poetas mudos
Que envergonham cultos
Num mundo que só reconhece o conhecido
Gritam palavras com tanto sentido

E elas se cruzam
Nos sentimentos que usam
E dão a conhecer
Aos que se permitem renascer

A cada palavra solta
Numa magia louca
De escrever o coração
E partilhar sem petição

Encontraram-me sem querer
E eu deixo-me achar sem temer
E leio os vossos "Eu"
Enquanto tento achar o meu


E devagarinho, meus talentosos meninos
Vamos cruzando nossos caminhos
E à medida que vos leio assim
Vos faço, feliz, Pedaços de Mim
!

(Para vocês, bloggers,
que partilham o vosso coração
e cruzam sentimentos,
que ligam o mundo como uma oração)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

E então Dancei...


E dancei, dancei, dancei, dancei...

E uma alegria tímida dançou comigo

Os minutos correram apressados com a música

E eu sacudi todo o mau estar que me polui

Foi aí que o riso chegou

Entrou em mim,

Mexeu, rolou,

E eu expirei-o numa gargalhada que há muito não ouvia.

E continuei até os pulmões gritarem de exaustão

Começou a chover, forte

Um cinzento carregado cobriu o céu

Loucura...

Fui lá fora e recomecei a minha dança

Águas furtadas de mim

Escorrendo o cinzento

E no meu riso louco

Vi tudo azul!

Podes vir, pozinho de dor

Acabarei sempre por arranjar uma maneira de te limpar

Porque nem todos os dias são cinzentos,

Porque nem todos os dias são dias de chorar,

Acabei de descobrir,

Que, ainda que nem sempre consiga,

As cores da vida dependem do meu olhar!

sábado, 29 de novembro de 2008

Obrigada!

Percorria as ruas assustada.
Um pânico crescente instalava-se porque as montras e as prateleiras estavam vazias.
E eu desesperava porque queria comprar uma prenda para vocês e faltavam 3 dias.
Acordei sem prenda e um nó de angústia acordou comigo.
Saí do quarto e deparei-me com a árvore...podia jurar que as luzes piscaram...
Sentei-me inebriada e fiquei a contemplá-la...
Anos de memória vieram até mim com uma melancolia leve que me pintou um sorriso nos lábios.
Enrosquei-me e fiquei assim vivendo momentos que não se vão repetir.
Mas nenhum é igual ao outro, cada ano é uma prenda diferente da vida.
A vida será sempre transformação.
Espreitei pela janela. A chuva está forte e o vento empurra o frio por baixo da porta.
A minha coroa de natal caiu. Irritei-me e bradei aos céus pela insolência do tempo.
E que tal uma folga?!?
Fui arranjá-la e não a consegui pôr direita. Ri-me. Este ano tudo está torto, de qualquer maneira...
Abri o mail "o brilho está em ti". Abri o blog, sem nada para escrever "e onde está o brilho dos seus olhos?"
Chorei...e não foi de tristeza.
Tive o pior acontecimento da minha vida este ano...e...o melhor natal!
A minha vida tem sido um natal este ano. Tudo o que é sentimento puro tem estacionado em mim!
Sem cobrança, sem falsa intenção, têm-me oferecido o que de melhor o coração humano pode albergar.
Olhei à volta... Apaguei as luzes e fechei as portadas.
Deixei que só a árvore iluminasse a sala...fiquei, assim, tomando banho nesta mescla de cores.
Ouvi o meu coração...disse-me que hoje estou feliz e eu acredito.
Pede-me para escrever, mas eu não consigo desenrolar esta amalgama de palavras que me atravessam o pensamento.
Mas não preciso, hoje, de muito para dizer o que quero.
Então fica só assim...
OBRIGADA!
Aos que não deixam o meu brilho deixar de piscar,
Aos que fazem da minha vida um Natal!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Será por as Luzes não Piscarem?

Olho para ela...lá está e eu pensei que não fosse estar.
A primeira vitória da razão nesta guerra permanente com o coração.
Não me parece tão mau como pensei que fosse ser...é só...indiferente.

Será por as luzes não piscarem?

Fica só assim, estática, despercebida.
Sem vida...
Mas está lá, fingindo que nesta casa há natal.

Será por as luzes não piscarem?

Não me dói olhá-la como julguei que fosse doer.
Não me faz chorar como achei que fosse fazer.
Simplesmente, não me suscita sentimento nenhum, e não sei o que é pior.

Será por as luzes não piscarem?

Quantas palavras soltei diante da tuas irmãs!
Quantas horas me encantei só de te olhar!
Não me encantas hoje!
Não me inspiras hoje!

Será por as luzes não piscarem?

Não gosto de não sentir!
Não gosto de não conseguir chorar!
Não gosto desta ausência de mim!
Está decidido,

Amanhã vou comprar umas luzes que pisquem...

domingo, 23 de novembro de 2008

Desabafos

De tudo o que senti e sinto, o pior, foi ter-me perdido a mim...
Não sei ser o que esperam de mim...não sei ser o que eu espero de mim...
Não consigo ter, dia após dia, a força que me pedem...
Ás vezes chego a duvidar que existi na vida que outrora tinha
Procuro-me e apareço num sonho que já não sei ter
Pergunto-me "alguma vez cheguei a ser?"
Há dias em que acordo e vou, erguida
Há outros que nem me sinto viva
Serei covarde? Serei má?
Será simplesmente assim, natural, não dar o que não tenho
Desilusão para os outros, par mim.
Não saber todos os dias encontrar-me a mim
Irei crescer, eu sei
Mas para já, deixem-me ser pequenina
Acreditar que não perdi o meu colo, a vida que conhecia
Deixem-me ser egoísta, cobarde, ingrata
Pelo menos nalguns dias
Para crescer nas cinzas do que perdi
Num incêndio que me levou parte da essência,
No fogo que levou parte de mim...

sábado, 22 de novembro de 2008

Porque Não?...

Pára e escuta
Ouve a voz do teu coração
Busca as respostas
Que não encontras na razão

Não perguntes "porquê?"
Mas antes "Porque não?"
Serás mais que outro ser?
Ou fruto da mesma criação?

Não questiones na ignorância
De tamanha dimensão
O que desconheces é maior
Que a tua própria percepção

Chora, quando quiseres
Não faças uso desse travão
Não há nada mais certo
Que a voz do teu coração

Ri também, muito
Sem medo da reacção
Sem culpas, sem questionar
O porquê da manifestação

Que brota em ti sem aviso
Sem aparente explicação
Deita fora a causa
Aprecia a sensação

Deixa de lado o pensamento
Ouve só o coração
E em vez de "porquê?"
Experimenta "Porque Não?"

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Estranha Forma de Ser

Estranhas as formas do céu falar connosco
Estranha a forma como por vezes acordamos para a felicidade
Estranhos os caminhos da vida
Estranhos os cruzamentos que enfrentamos
Estranhas as escolhas que fazemos
Estranha a força que temos
Estranha a tristeza que vivemos

Clarividência nos sonhos que perseguimos
Nas sementes que semeamos
Na dúvida do que iremos colher

Haveria amor num mundo de certezas?

Não estará a felicidade no desconhecido?
No sonhar com o que não sabemos haver?

Não estará a felicidade na descoberta da vida?
No caminho?

Questionar, aceitar, descobrir, querer!
Lutar!
Esperar!
Encontrar!

Criar um suspiro de esperança
Uma vela de luz
Não deixar a vida soprar
E apagar

A Força de Viver!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Festejar DUAS vidas...


Via chegar com os minutos que sumiam...

Mas hoje não a deixo entrar!

Tenho porta blindada de amor!

Tenho cadeados de orgulho!

Amarras de memórias...

É dia de lágrimas doces de alegria

Porque na tua ausência haverá sempre vida!

Dou-te o que te posso dar

Tal como sempre fiz

Dou-te o meu amor, hoje

Na flor que lanço ao mar

Sorrio e ilumino o teu dia

Sou, porque me fizeste

Nos trilhos pisados na areia

Sou pedaço teu vivo, erguido

E será sempre, este

Dia para eu festejar.


Estás e eu sei-o

Mesmo que não te possa tocar

É dia da vida que sempre terás

Rebentando de felicidade

Quando mudamente digo

Que este dia festeja a vida

Do meu pai....

...e da minha outra Mãe!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Não Quero Imaginar, Mas Imagino...Não Quero Dizer, E Não Digo

Às vezes assusta-me. Por quanto tempo irá ferir assim?

Quando menos espero, vem lançada e acerta-me causando uma dor que talvez nunca saiba descrever.

Explode e deixo-a sair na torrente de lágrimas…que a razão não tem força para combater...limito-me a tentar não sufocar.

Vem no mais simples momento mas arrasta tantos pensamentos, que me arrebatam sem os poder ignorar. É o turbilhão de recordações que não queria voltar a experimentar, mas não consigo evitar.

Ontem foi daqueles dias….

Lembro-me da voz dela como se tivesse acabado de desligar o telefone agora mesmo. Disse-me “Até amanhã, se Deus quiser!”
….mas Deus não quis….

Imagino-a a descer as escadas e a ir para a cozinha, sem poder imaginar...

Ele ligou-me. Aquela maravilhosa gargalhada ecoa no meu espírito, prisioneira da saudade. Imagino-o a desligar, ela lá em baixo na cozinha...
…não quero imaginar, mas imagino, não quero falar…e não falo.

Como pode a vida ser tão imprevisível? Segundos antes daquele instante tudo estava imperfeitamente perfeito.
Dou comigo prisioneira dos "se"...como tudo poderia ser e não é...
Não quero imaginar, mas imagino, , não quero dizer, e não digo.

Passo e repasso….martirizo-me imaginando o instante! Vejo e rebobino sem conseguir controlar o comando deste vídeo que não vi...
...que não quero imaginar, mas imagino, que não quero falar, e não falo.

Às vezes parece que tenho a vida suspensa naquele telefonema. Como se pudesse ficar com o auscultador na mão para sempre e não deixasse o momento acontecer… Ligo o número da vida vezes sem conta…mas não obtenho resposta. Como se a vida me dissesse “lamentamos, mas o número que marcou, não está atribuído”.

Às vezes vou mais atrás…tento-me lembrar dos meus pensamentos, dos meus sentimentos, encontrar o que já não me lembro de mim…mas eu não apareço, como se tivesse existido apenas no sonho que agora tenho.

Sinto que o destino me penhorou os meus fiadores de vida, aqueles a quem a dura realidade vai cobrar quando nós não cumprimos a prestação, salvando-nos das consequências de não cumprirmos com as penhoras da nossa vida.

Tenho saudades das palavras….tenho saudades de chamar mãe, tenho saudades de chamar pai.

É nestes dias em que me sinto órfã, em que as memórias e o amor não chegam para preencher a saudade, que sonho que eles voltam…e eu toda sou felicidade quando os abraço e os chamo de meus outra vez.

E quando acordo, choro, por não os encontrar...e por não saber encontrar-me todos os dias.

Não pouso o auscultador e deixo a vida suspensa no meu sonho, imaginando como seria…

…não quero imaginar, mas imagino….não quero dizer, e não digo!

sábado, 1 de novembro de 2008

Momentos

Numa sabedoria
Cada vez mais percebida
Não deixo de aprender
Está no pequeno
Está no agora
Num momento instantâneo
Quando não se procura
Vem mas não fica
E isso pouco importa
Para a Lua, o Sol
Para a Noite, o Dia
Para a Tristeza a Alegria
Para a Saudade, a Memória
Para a morte...o sabor doce da Vida!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

8 Meses, Meu Deus


Cai mas não é levemente,

Não chama, grita por mim

A verdade do tempo insiste em bater na minha janela

Mas continuo sem a ver

8 meses, Meu Deus!!

A chuva que cai,

O vento forte arrepiando a minha pele

O casaco desarrumado

Hoje tudo me lembrou...

...mais uma estação...

8 meses, Meu Deus

Tentei dizer em voz alta

Não consegui!

O meu corpo ainda se contorce perante a verdade

8 meses, Meu Deus!

Quantas estações terá o tempo de somar?

Para o meu eu finalmente acreditar?

Virá a verdade alguma vez estacionar em mim?

Ou será sempre assim?

8 meses, Meu Deus

Maior que a saudade,

O Amor Mãe

Acredito que será sempre assim o meu acontecer

Não saberei, talvez, jamais,

Deixar-te morrer!


sábado, 18 de outubro de 2008

Escrevendo de encontro ao tempo...

A saudade é esmagadora...o que eu não dava por um abraço.
Afundava-me no vosso colo e deixava a alma sair do corpo e envolver-se em vocês.
Chega a ser insuportável, não nego, mas estou numa fase em que me sei defender dela.
Não a deixo arrebatar-me ao ponto de me secar. Não posso.
Cada momento tem a sua hora, necessária, mas vitalmente impossível de se sentir sempre da mesma maneira.
Degrau a degrau, um dia de cada vez.
Vou-me reencontrando devagarinho, como se tivesse nascido outra vez. Não posso andar sem aprender a gatinhar....
Perdi o sentido do tempo. A saudade parece acumular anos, a memória minutos.
Parece-me que foi ontem e, ao mesmo tempo, tudo me parece tão distante...
Abençoadas as palavras que me encontram as mãos, soltam o mar de emoções num suspiro tão sustenido que me fogem ás vezes antes de as sentir.
Quando escrevo, derramo tudo o que sou, sem filtros, sem convencionalismos, sem conhecimento da razão. Quando leio encontro "eus" que me tinha esquecido.
É terapia anti-depressiva, é desabafo da alma, é linguagem do coração.
Escrevo atrás do tempo que procuro. Reciclo em cada palavra mais um pedacinho de mim.
Ás vezes vêm em tormenta, jorrando pensamentos e emoções em catadupa, sem que as consiga agarrar. Outras sopram suavemente fluindo nas mão, num toque tão suave que as posso beber.
Escrever é a moleta que me mantém em pé, a roda que me faz seguir em frente, sempre foi...evolução, crescimento, melhoramento.
São cama de cetim, agasalho, a porta de entrada, a janela de saída...
Asas, mar, céu...
Devagar atrás do tempo...em que me reencontro a mim....

Por isso

Podem vir, dor, saudade, angústia...cheguem bem fundo no coração. É aí que esta brisa vos vai encontrar...arranhem, pisem, cravem, porque, enquanto não me faltarem as palavras, saberei sempre como vos atenuar!

E, letra a letra, continuo escrevendo a história de mim, até que as palavras me levem de volta ao tempo que procuro, o tempo em que poderei voltar a escrever "SOU FELIZ"

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Encontrando-me


É de uma sensação tão certa,
que faz sentir amor.

É este o meu lugar!

Pertenço à floresta e ao mar.

Sou do espaço que agora piso

e

Seguindo as setas do destino

Acabarei por reencontrar o meu tempo

No mesmo saber genuíno

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Força

Estou orgulhosa de ti avó!
Tanto que a alegria me quer romper o coração!
Fizeste de mim, hoje, uma pessoa mais feliz
Mais forte,
Melhor!

Artrose injusta a do coração
Sem fisioterapia ou anti-inflamatório
Subiste hoje tantos degraus sem bengala,
E embora fique feliz por ter contribuído
O Nobel da força é inteiramente teu!

Ah forte guerreira!
Tanto que me ensinam essas rugas
Tanto me apoiam essas gargalhadas
É música, é elixir, são osteócitos

São pedaços de ti
Que fazem crescer com amor e carinho
Um e mais um
De todos estes...Pedaços de mim
Nesse pequenino tão pequeno que é o simples
Encontro agora tanta grandeza gigante
Tão atento está o meu olhar
Tão sensível o meu ouvir
Tão forte o meu sentir
Encantam-me as árvores e o azul do céu
Puxa-me a lágrima o sol quando se põe
Faz-me sorrir o vento
E eu sinto-me afortunada...
Vejo, oiço, sinto...
Provo, respiro...
Vivo...
Rencontrei a criança perdida em mim
E de mão dada
Passinho a passinho
Sigo pela vida deslumbrando-me
Com o que sempre lá esteve
E eu olhava...mas não via!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008


Ás vezes vem de mansinho, astuta, cautelosa

Avalia, espera

E, inesperadamente, ataca-me!

Solta-se então numa gargalhada

Deixando o corpo num frenesim de bem estar

Limpa a alma e desenha um sorriso

Mesmo quando eu pensava que não podia

Ela vem e caça-me

E eu deixo-me ir ao longo do dia

Arrastada qual troféu

Nas costas da Alegria!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Até onde podemos adiar a vida?

Ás vezes é assim, estranho.
São dias sem sol nem lua, sem bonito ou feio, sem frio ou calor...sem alegria ou dor.
São e pronto.
Acordam e adormecem sem somar minutos.
O corpo inerte caminha sem andar, olha sem ver, acontece sem viver, vive sem aproveitar.
E depois, o hoje já é amanhã e há tantas coisas que ficam adiadas para um futuro sonhado ontem.

Até onde podemos adiar a vida?

Estou assim, presa num passado do qual não me quero libertar.
Qual menina mimada, apetece-me bater o pé e fazer birra.
Não me apetece encarar a vida como ela está.
Mas não o sei fazer....
Acordo e tenho vontade de viver.
Sonho com um futuro limpo, optimista, sem me arrepender.
Raízes profundas, sentimentos fortes, valores solidamente incutidos.

Não sei sair de mim.

Sou a força dela com o coração dele.
Não me sei zangar, não sei culpar, não posso conter em mim revolta.
Sou a vontade de andar sem olhar para trás.

Mas não sei sair de mim.

Tenho medo de avançar e medo de ficar parada.
Sou rio que tem medo da foz.
Não quero ser lago, nem tempestade de mar.

Até onde podemos adiar a vida?

Estou meio perdida
Tenho medo da vida,
Mas muito mais temo,
Que com o meu bilhete de ida
Fique a ver passar a vida
...sem a viver!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Corpo ao Manifesto


Acordei cedo...

Saí para fora e o pinhal brindou-me com uma manhã deliciosamente bela.

Fiquei assim um tempo bebendo o ar conhecido e ainda assim, sempre renovado.

Deixei os olhos vingarem-se, abri um sorriso ao céu.

Depois cerrei-os e deixei a brisa brincar com a minha pele.

Não sei quanto tempo me mantive nesta dança nupcial, de um corpo que conhece e obedece a esta Natureza da qual é parte.

Quando me sentei para comer, acompanhada dos pássaros que me vieram cantar e das memórias que me vieram visitar, pensei em vocês.

Era esta a altura em que pegava no telefone e te ligava para saber como "está tudo".

Lembrei-me que logo no início desta nova vida, me reprimia e culpava nos momentos em que sentia vontade de rir.

Apercebi-me como tenho rido cada vez menos. Apercebi-me que o "tudo" ficou vazio demais...e o que era vago agora diz muito.

Bebi a lágrima da doce saudade e deixei-me encharcar de memórias.

Respirei fundo e ergui o corpo ao tempo.

É hora de subir mais um degrau...Hoje não virei as costas ao dia, deixei que todo o sentir tomasse conta de mim...permiti-me...novamente.

Um formigueiro de excitação percorreu-me o corpo, quando me apercebi, sem culpa, da data que não vi passar.

E, novamente sorri.

Fui lá fora e brindei a noite com um sorriso de agradecimento.

Tão belo este Mundo...como posso não me encantar

Enquanto me permitires a memória, meu Deus,

A saudade não me irá matar

domingo, 21 de setembro de 2008

Parabéns Avó


Olhar enrugado
Preso no horizonte
Olhando o que não vês
Vazio e tão cheio de solidão
Choro sem água
Lágrima silenciosa
Um coração que não entende
E suporta 80 anos
Olhar enrugado
Triste
Que hoje ousei olhar
Vi
Uma dôr sem aconchego
E senti

Olhar enrugado
Bengala de mim
Avó
Mãe do meu ventre
Por ti
Um amor sem fim


sábado, 13 de setembro de 2008

Quero

E, de repente, percebi.
O tempo passa mas não acontece
A porta não se abre e vocês não voltam
O telefone não toca de manhã, nem de tarde, nem à noite
Mantenho a morada dos mails
Os números de telefone
Nem sei bem porquê
Na esperança irracional de haver resposta
A saudade...posso vê-la de tão forte que a sinto
Incompreensivelmente...ainda não acredito
Fazem-me tanta falta
Quero voltar a ser criança
Sonhar com a perfeição que não existe
Acreditar que a vida é eterna
E que o que conheço será sempre assim
Quero um abraço, um beijo
Quero discutir, chorar com vocês
Saber que adormeço e acordo com o que adormeci
Quero ter medo de vos perder
Quero a vida que sempre conheci
Quero que o meu querer fosse possível
Quero não ser possível tamanho querer

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Pai


Quando nasci, será que te escolhi?


Não me lembro da primeira vez que te vi, gravo no meu coração a paixão que por ti sempre senti.
Não acredito em amor mais ou menos. Acredito que há almas que se pertencem, encontram-se e desencontram-se sem nunca se separarem. Como tu e eu...
Toda a vida me completaste. Foste a presença na minha solidão, o refúgio da minha confusão. Foste a razão do meu sentimento e a paixão do meu pensamento.
Sempre te amei loucamente. Amava profundamente o teu Ego incomparável. Nas minhas veias o sangue corria acelerado pelo ritmo cardíaco desenfreadamente aumentado, os olhos brilhavam e as mãos tremiam, a excitação de não conter o orgulho que me transbordava pelos poros, de cada vez que dizia a alguém "este é o meu Pai!"
Não sei escrever a dor da tua ausência...para mim serás sempre presença.
Mas há momentos em que sinto dificuldade em pensar. Momentos em que a emoção faz KO à razão.
A dor da tua ausência física é dilacerante, irracional
Por vezes apetece-me gritar descontrolada, correr sem rumo, desalvorada, por um qualquer caminho. Espreitar, ansiosa, a cada esquina na esperança de lá te encontrar, correr para ti e abraçar-te até me doerem os braços e me sufocarem as forças. Aí dizes-me "está tudo bem, foi só uma brincadeira"


Mas o momento não acontece...


Desorientada pela cegueira da tua ausência, caio atordoada num qualquer canto do vazio e choro.
É então que fecho as portas e as janelas a este espaço físico em que me deixaste. Viro-me para dentro de mim e dou-te a mão. Oiço as tuas piadas de criança que o tempo nunca adormeceu, vejo as trapalhadas, sinto o teu chamar carinhoso, revivo o afagar de ternura enquanto quando me deitavas, sinto o cheiro do teu amor.
Continuas a ser a presença forte e verdadeira. Sinto-te como a qualquer outro estimulo táctico.
O manto da fatalidade não encobriu a tua vida.
Não há tempo nem espaço que apaguem aquilo que vivemos...memórias de um tempo que jamais poderei esquecer...porque fui imensamente feliz...tão vivas e intensas que as posso sentir...
Sabes pai, vejo-te sempre melhor de olhos abertos. Não gosto de fechar os olhos para pensar em ti.
Ás vezes posso jurar que estás aqui...mesmo ao lado. Reprimo o impulso de olhar por cima do ombro...inutilmente...acabo sempre por olhar. Um relance discreto pelo canto do olho e, ainda que por um instante, acredito ver-te lá.
Gosto de me lembrar da última vez que te vi...Foi o momento da mais bela declaração de amor que já fiz. Foi o momento em que percebi que a alma não é o corpo onde mora.
Se pudesse agarrar o tempo, por um instante que fosse, repetia aquele momento até que a voz me faltasse, a vista me atraiçoasse, a alma me evaporasse...
Debaixo de qualquer ligadura ou lençol, no embrenhado de tubos à tua volta...apenas te vi a ti paizinho...nu de corpo emprestado...duas almas sem forma física que se olham num complemento sem adjectivo ou explicação. Ouço a tua respiração calma...desaparece lentamente o som da maquinaria medicinal que diziam fazer tudo por ti...nunca, jamais, qualquer artefacto me amou por ti.
Naquele momento olhámo-nos e sorriste-me. Sei que o tempo parou...somente nós...duas almas que se pertencem, imunes a qualquer acontecimento espacial.


Soube ali, pai, que és imortal.


Por não acreditar no que sabia acordada, falaste-me à noite, naquele espaço que não é só ilusão...naquele sonho, numa fracção de pensamento, o teu coração falou-me. Não podia dar-te outra resposta. O meu coração gritava de impulso a emergência da minha necessidade de perpetuar um pedaço de realidade, que, sabia-o bem, estava terminada. Mas nunca me ensinaste a ser egoísta...tinhas de ir, pra ela, continuar a tua vida, longe do meu olhar, reforçada no meu coração.


Aquele minuto agonizante...senti-o como se parte de mim mesma fosse contigo...cheguei a pensar que não ia aguentar...quando peguei no telefone sabia...mas deixei-te ir com a calma que eu e tu nunca soubemos ter...deixei cair a lágrima doce do meu agradecimento por me teres deixado despedir de ti...por me teres preparado...por teres escolhido o caminho do amor.


Portámo-nos bem, tu e eu, não achas?


Todos os dias me esforço por merecer cada vez mais o nome que me deste...por aplicar os princípios que me ensinaste, por partilhar com os outros o amor que em mim semeaste...

...e cada dia me orgulho mais por ser tua filha...


Quando me sinto a perder a força, olho...e lá está tu. Gritas-me do alto do cume a esperança que me alcança em certeza...a certeza que o dia em que te ausentaste da minha vista, não foi a última vez que te vi.



AMO-TE MONHEZINHO....JAMAIS TE DEIXAREI MORRER!

domingo, 3 de agosto de 2008

Queria...

Queria poder agarrar no relógio da vida
Recuava-o como se faz na hora de Inverno
E o tempo da minha vida acontecia outra vez
Magia
Eu e vocês, juntos, mais uma vez
Tirava-lhe então a pilha e parava-o no tempo
Num abraço que o relógio não podia adiantar
Ficava protegida de todo o mal do mundo
Da dor, do sofrer
No vosso colo, apenas o momento podia acontecer
Ninguém nos separava
E eu não chorava
A saudade não me alcançava
E ausência não me arrebatava
Nem me matava
De tanto querer....e não poder!

domingo, 27 de julho de 2008

Finalmente...O Abraço!!

Há coisas que se guardam para nós e não se partilham...

Hoje tive um sonho maravilhoso, daqueles tão pessoais e tão intensos que, mesmo que quisesse, não o conseguiria partilhar.

Qualquer mãe e qualquer filha, sabem a ligação que as une, aquela ligação tão natural e tão pura como o próprio respirar e bater do coração. Tão bonita, que qualquer palavra no dicionário, qualquer termo inventado, é medíocre para adjectivar tal sentimento.

Mas há coisas que quero dizer, para me lembrar quando me sinto pior e para que quem me lê, possa encontrar também o consolo que hoje sinto.

Sinto-me leve e agradavelmente comovida. Transbordo hoje amor e recordação.

Nos últimos tempos tenho pensado mais nela do que nele. Porque me custou mais consciencializar da partida dela, e porque com o meu pai, a relação que tínhamos aqui era já de tal forma física e emocionalmente aberta, que nada, nada, ficou por resolver. Mas com a minha mãe, o abraço e a declaração de verbal de sentimentos era mais difícil. Maior dificuldade em pedir desculpas e em manifestarmos fisicamente o amor uma pela outra. Ou, talvez, ainda, porque não tive oportunidade de a abraçar uma última vez...a verdade...é que havia aqui um vazio no meu coração, que finalmente pude preencher.

Hoje...muito mais que um sonho, o sono deu-me uma prenda de Deus....deixou-os visitar-me durante a noite. Ele sorriu o tempo todo e observou, deixando-nos fazer o que faltava. Abracei-a com tanta força, num abraço que a forma física não permite. Não quero falar disso, porque é meu e só meu, e também não precisa de escrita para ficar gravado, já está colado na minha memória, com uma intensidade impossível de quebrar.

Mas quero dizer a todos os que acreditam, que eles estão bem e felizes. E quero dizer aos não crentes, que tenham fé. Não é preciso acreditar num Deus católico, ir à igreja, para esta fé que vos falo. Mas imaginem a força que dá, saber que eles permanecem neste mundo, saber que os posso ver e que sei que os irei voltar a encontrar, num sítio onde a dor não existe, e tudo é amor.

Hoje estou leve e feliz. Abracei a minha mãe e o meu pai e isso, é felicidade que não se mata.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Teresa

Desisto de procurar...faltam-me as palavras para dizer o que mereces. Desde que iniciei este blog quero escrever sobre ti.

Mas sabes que é difícil escrever sobre o que sempre se conheceu, embora agora eu desfrute da minha parte e da parte dela. É muita amizade e ela transborda, atropelando-me as palavras e os pensamentos.

A minha mãe sempre me disse: "Não há amiga como a Teresa Gato".
Nunca duvidei...mas agora sei-o, tão profundamente interiorizado, como qualquer outra raiz de amor fixa no meu coração.

Não se explica, transborda de verdade como naquele abraço à Joana, que só nos sabemos ler, grita na voz, nos olhares, nos gestos...no consolo do meu coração de cada vez que me ligas e pareces adivinhar o que me vai na alma... ...e isso não sei escrever....

Sabes...por vezes quando ouço o tlm e vejo o teu nome...tantas vezes na precisa altura em que me apetece ligar-lhe e se me crava a chaga do saber que não posso...penso...foi ela...

...e sei que ficou aqui, em parte, na mãe que vejo em ti

terça-feira, 8 de julho de 2008

Amor


E foi assim, inesperadamente, que a felicidade abstraída voltou a cumprimentar-me.

Várias vezes, durante largos minutos daquela tarde, esqueci-me da ausência. Diverti-me, sorri, gargalhei, como à quatro meses e meio não o fazia. A melancolia que entre-cortou esses sorrisos, foi terna e bela. Estavam lá, sei-o porque o senti...nas memórias de um tempo que o relógio da vida não pode apagar. Nos abraços, beijos, olhares de uma cumplicidade que a vida nos deu e sabemos todos não ser possível perder...jamais.

O teu olhar, minha Tucha, naquele momento em que passámos para ti uma prenda de amor, símbolo de uma felicidade cúmplice, casada muito além de um registo de conservatória, e que desejamos para vocês dois...mágico, inesquecível, um agradecimento mudo que só o coração sabe falar e ler. O meu ser está cheio por esta entrega que sinto ter sido um desejo partilhado por quem o deu e por quem o usou antes de ser teu. Será sempre, no teu decote, muito mais que o brilho do metal...tu sabes.

Quando desceste aquelas escadas...o mundo parou. Fiquei tão feliz. As lágrimas correrem-me...mas de felicidade. Não pensei que faltava alguém...eles estavam lá e pude sentir-lhes as mãos unidas nas minhas, as bocas que te beijaram comigo, os olhares ternos e orgulhosos de quem vê as juras de felicidade de uma menina que era como sua filha.

O abraço da minha Cebolinha, da minha Ana e do meu Beto...tanto dissemos naquele aperto, muito mais do que o que se pode ver ou tocar, mas que todos sabemos estar lá.

Foi uma tarde e uma noite maravilhosas...tudo foi lindo.

E minha querida, irmã, o teu gesto...o teu "boquê"...é mais que alguma vez qualquer "longe" ou "tarde" pode da minha memória apagar.

OBRIGADA!!


Para ti, para vocês, família, TODA A FELICIDADE que este mundo possa albergar!

domingo, 29 de junho de 2008

Saudade

E fiquei assim...
Deixei que todo o sentir tomasse conta de mim.
Deixei-o fluir e fazer os estragos que entendesse no meu ser. Cada ferida, cada chaga...cruelmente cravada, sem reacção, sem oposição.
Silenciosamente, apenas lágrimas de um choro que não sabia ser possível chorar.
Podes vir, saudade, com tudo aquilo que tens e não te conhecia, sem o embelezamento que te faz única no português.
Fere-me e arrebata-me! Deita-me ao chão com essa violência difícil de suportar.
Chorarei agora todas as lágrimas de sangue...até que o tempo torne as feridas em cicatrizes, nas quais passarei as mãos e sentirei a macieza, no meio das doces lágrimas que chora a terna saudade...

sábado, 21 de junho de 2008

Sonhos

Primeiro foi com ela, depois com ele e, por último, com os dois.

3 sonhos diferentes no cenário, semelhantes na essência.

De repente ela estava viva. Tudo tinha acontecido igual...o acidente, a morte...mas, um ressuscitar aconteceu.
Não era uma segunda oportunidade, porque alguém me dizia no sonho "sabes que isto é temporário, é só por uns dois meses, depois começam os problemas renais, hepáticos...e ela vai outra vez.
No entanto, ao mesmo tempo, parecia haver a possibilidade dela sobreviver. Era uma incógnita se morria novamente ou sobrevivia como se nada tivesse acontecido.
O mais estranho, é que eu estava incrédula. Imensamente feliz, mas incrédula. Porque olhava para ela e ela movia-se de um lado para o outro, sem parar (também, quantas vezes terei eu visto a minha mãe sentada??!!). Fazia bolos, comida, cirandava. Sorria. Toda ela! Alheia a tudo o que se passava. Acho que ela sabia que ia morrer, no sonho, mas comportava-se como se isso não tivesse a menor importância para o dia que decorria. Nesse sonho, o meu pai estava vivo...

Depois foi a vez dele. Tudo igual. O acidente, a morte da minha mãe e depois a dele. Mas aqui, a morte vs vida não era uma incógnita. Ele ia passar uma prova. Se vencesse, ficava cá. E lá estava ele, vestido qual cavaleiro, pronto para a luta. Não sei se venceu o combate....mas sei que não o vi tão feliz como a minha mãe.... Nesse sonho, a minha mãe não estava viva.

Depois foi com os dois. Não me recordo neste sonho. Sei apenas que novamente tudo tinha acontecido, mas eles tinham voltado...havendo a possibilidade de partirem novamente...

Já pensei e repensei estes sonhos, na verdade que eles contêm, no que significam.
Acho que os dois meses do sonho com a minha mãe, foram os dois dias...sempre acreditei que ela não morresse...o amor não responde a percentagens médicas. E não podia imaginá-la de outra forma que não fosse a viver o dia a dia, sem pensar no amanha.
Com o meu pai...a luta que ele travou...o meu medo do resultado...a minha incapacidade de o imaginar feliz sem a minha mãe.

Os dois vivos juntos....simplesmente O sonho...

A verdade, é que se dessem a oportunidade de os ter junto de mim outra vez, ainda que soubesse que era por pouco tempo e que teria de passar por tudo outra vez, eu aceitava. Nada de mau do que me aconteceu supera a vida imensamente feliz que eles me deram a seu lado.

Por outro lado, penso muitas vezes em como seria o meu hoje, se o meu pai tivesse ficado. Por mais casais que eu veja ficarem sem o seu amado(a), por mais que eu conhecesse a força do meu pai...não consigo conceber a sua existência sem a minha mãe. Por vezes imagino-o sozinho naquela casa, o seu dia a dia sem em ela e não concebo essa possibilidade. Amo o meu monhezinho com todos os poros do meu ser, e a única coisa que se pode sobrepor a minha vontade de o ter junto de mim, é a sua felicidade. A minha pela dele. Não sei como iria aguentar vê-lo na sua profunda tristeza. Acho que o que sinto, não se compara ao que ele iria sentir...e ao que eu sentiria por o ver assim.

Depois...cheguei a outra conclusão. O facto de terem partido os dois, não me deixa sentir a plenitude da dor por cada um. Se imagino o meu pai vivo, sinto a dor da perca da minha mãe numa intensidade superior...porque me concentro nela.

Toda a minha vida pensei que iria ficar primeiro sem pai...e agora, em nenhum sonho imagino a minha mãe viva e o meu pai ausente....porque sei que o que mudou a minha vida foi aquele dia 20...foi aí que morreu a vida que eu conhecia, acontecesse o que acontecesse depois.

Antes perturbavam-me estes sonhos...porque acordava e via o vazio da ausência com o amargo na boca de não poder abraçar os pensamentos.

Agora desejo sonhar...sei criar a minha realidade paralela, em que dou forma ao sentimento e materializo recordações. Encho o meu balão de memória e subo alto. Fugindo ao peso da saudade, tenho um lugar só meu, onde vejo, sinto e toco. E quando a vigília me chama e eu desço de novo ao físico, sei intimamente que a a realidade não é só razão, o sonho tem lugar, e será sempre uma mentirosa verdade, que de tempos a tempos, eu e vocês, estamos à distância de um olhar.

sábado, 7 de junho de 2008

O Peso da Mudança

A mudança custa tanto...
De onde virá esta resistência do ser humano ao diferente? Este contracenso de desgostar da rotina e simultaneamente renegar a mudança?
Custa-nos sempre mudar...de casa, de emprego, de relação, de visual...ainda que para melhor, a mudança assusta porque é desconhecida e tendemos a temer o que não conhecemos.
A minha vida mudou, radicalmente, mas este processo de transição não tem que trazer necessariamente só coisas más. Custa porque foi imposto, sem escolha e implica uma mudança de formas ausentes que não queria experimentar. Custa porque tudo o que até aqui era a realidade que conhecia, não se voltará a repetir. Custa, porque temo o desconhecido. Custa, porque não posso voltar atrás. Tento encarar isto como uma evolução e manter-me receptiva à vivência das coisas novas que até aqui ocorriam sempre da mesma maneira e que sempre esperei ver repetidas por muitos e muitos anos. Mas a verdade, gostava desse comodismo...do que tinha por certo e inabalável.
Não aconteceu. E agora? Valerá a pena remoer, rebuscar, pensar como era? Não creio. Mas ainda não consegui abrir totalmente o coração à mudança.
Agora que a dor é silenciosa, agora que a verdade me atropela e a consciência volta a mim, o receio, o medo, a surpresa, a novidade, o novo...a saudade...explodem em todo o seu esplendor, no bom e no mau.
Por vezes penso que estou a reaprender a viver, que fui transportada para uma nova realidade e tenho de aprender a viver nela...adaptação...a terra continua redonda, a geografia mapeada, os relógios contando e somando...mas a ausência que os meus olhos alcançam ainda é muito vazia...

Não questiono a vida, a nossa ignorância do acontecer é demasiado grande para que eu a julgue.
Sim, temo a mudança, mas não lhe coloco entraves...receosa, assustada, mas esperançosa, espero do futuro o bem que ele certamente trará...mas continuo grande parte do meu dia a viver esta segunda vida que criei em mim, esta realidade paralela em que finjo que há momentos que não aconteceram...
Mas não traio os genes que carrego na alma e no peito, as memórias e os olhares que não se apagam...tive neles, toda a vida e até ao seu último suspiro, os exemplos da força que contrariam a própria ciência, a força que vai além do corpo...
...Não me sento à espera da vida...corro para a não deixar acontecer antes de mim.

...No meu coração, lado a lado com a saudade, um sonho...o de voltar a ser imensamente feliz.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Sensação Consciente

Ontem, no escuro da noite, na leveza dos lençóis, um arrepio doloroso varreu-me o corpo dilacerando-me. Num suspiro, um sumiço da alma. O corpo começou a tremer, a cabeça a latejar como se farpas a ferissem, o terror a subir à boca, na ânsia de sair.

Foi o primeiro momento de sensação consciente, da verdade percebida e interiorizada...vocês já não estão cá, e não voltarão a estar.

Ainda que por um breve instante, a verdade aconteceu. E doeu. Física e emocionalmente doeu, doeu muito.

O medo arrebatou-me...porque esta sensação não quero sentir e não consigo controlar. A plena noção que se ela acontecesse sempre, não me conseguiria sequer levantar.
Medo do que não quero ser, medo de cair, medo de querer desistir. Medo do que ainda vem, medo do que já não volta.

Lembrei-me de vocês na forma mais simples possível, sentados, calados, alvos do meu olhar...simplesmente um olhar...o que eu não dava só para poder olhar para vocês. Foi de tal forma arrasador que tive de afastar o pensamento de mim...era insuportável.

Tenho saudades, tantas, tantas, que não a posso falar.

Ás vezes apetece-me gritar...outras o silêncio anula toda e qualquer manifestação do meu ser.

Na verdade, tudo isto ainda custa a acreditar...ou talvez eu prefira continuar a sonhar, vivendo nesta realidade paralela, em que intimamente a minha verdade é presença, a ausência da forma é viajante e eu espero, sempre, que um dia acordo e o que sonho é verdade.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

A vida acontece


Este período da minha vida, tem sido farto em sentimentos até aqui desconhecidos para mim.

Além dos sentimentos dolorosos óbvios, descobri, por exemplo, a solidariedade emocional, na vertente oposta - a dirigida a mim. É um sentimento bom, mto bom, como tantos os que tenho sentido neste momento, em que se pode pensar que tudo é mau.

Hoje, mais um sentimento a acrescentar à bagagem do meu sentir....

NASCEU O MEU SOBRINHO, 3º filho do irmão do Miguel.

Mais um sentimento que não sei dizer ou escrever.

Apetece-me chorar. Tenho uma comoção enorme que transborda de mim. Choro de felicidade, de tristeza e de saudade.
Porque me lembrei deles e senti a sua falta. Porque eles acompanharam a gravidez e não o vêem nascer. Porque penso nos netos que eles queriam, mas que não vão poder abraçar. Porque estou feliz por esta que é também a minha família. Porque é mais um ser que já amo. Porque me apetece perguntar-lhe se vem do mesmo sítio para onde eles foram...

A vida continua, fiel ao tempo, indiferente aos acontecimentos naturais de si própria, regenera-se, transforma-se. Uns terminam, outros começam.

Só sei por agora que esta criança já me é especial de uma forma nunca sentida.

A vida acontece...

Mais uma luz no meu caminho, iluminando-me o sentido que a vida tem. Continuar sempre.

És, inevitavelmente, para mim, um marco de continuação, de esperança. Num momento em que todos sentimos a força da perca, vens provar que nada se compara à força do amor, à força do começar.

Eu cá estarei para te mostrar como a vida é bela, para agarrar na tua mãozinha pequenina e te mostrar o quanto o pequeno pode ser enorme.