quinta-feira, 23 de outubro de 2008

8 Meses, Meu Deus


Cai mas não é levemente,

Não chama, grita por mim

A verdade do tempo insiste em bater na minha janela

Mas continuo sem a ver

8 meses, Meu Deus!!

A chuva que cai,

O vento forte arrepiando a minha pele

O casaco desarrumado

Hoje tudo me lembrou...

...mais uma estação...

8 meses, Meu Deus

Tentei dizer em voz alta

Não consegui!

O meu corpo ainda se contorce perante a verdade

8 meses, Meu Deus!

Quantas estações terá o tempo de somar?

Para o meu eu finalmente acreditar?

Virá a verdade alguma vez estacionar em mim?

Ou será sempre assim?

8 meses, Meu Deus

Maior que a saudade,

O Amor Mãe

Acredito que será sempre assim o meu acontecer

Não saberei, talvez, jamais,

Deixar-te morrer!


sábado, 18 de outubro de 2008

Escrevendo de encontro ao tempo...

A saudade é esmagadora...o que eu não dava por um abraço.
Afundava-me no vosso colo e deixava a alma sair do corpo e envolver-se em vocês.
Chega a ser insuportável, não nego, mas estou numa fase em que me sei defender dela.
Não a deixo arrebatar-me ao ponto de me secar. Não posso.
Cada momento tem a sua hora, necessária, mas vitalmente impossível de se sentir sempre da mesma maneira.
Degrau a degrau, um dia de cada vez.
Vou-me reencontrando devagarinho, como se tivesse nascido outra vez. Não posso andar sem aprender a gatinhar....
Perdi o sentido do tempo. A saudade parece acumular anos, a memória minutos.
Parece-me que foi ontem e, ao mesmo tempo, tudo me parece tão distante...
Abençoadas as palavras que me encontram as mãos, soltam o mar de emoções num suspiro tão sustenido que me fogem ás vezes antes de as sentir.
Quando escrevo, derramo tudo o que sou, sem filtros, sem convencionalismos, sem conhecimento da razão. Quando leio encontro "eus" que me tinha esquecido.
É terapia anti-depressiva, é desabafo da alma, é linguagem do coração.
Escrevo atrás do tempo que procuro. Reciclo em cada palavra mais um pedacinho de mim.
Ás vezes vêm em tormenta, jorrando pensamentos e emoções em catadupa, sem que as consiga agarrar. Outras sopram suavemente fluindo nas mão, num toque tão suave que as posso beber.
Escrever é a moleta que me mantém em pé, a roda que me faz seguir em frente, sempre foi...evolução, crescimento, melhoramento.
São cama de cetim, agasalho, a porta de entrada, a janela de saída...
Asas, mar, céu...
Devagar atrás do tempo...em que me reencontro a mim....

Por isso

Podem vir, dor, saudade, angústia...cheguem bem fundo no coração. É aí que esta brisa vos vai encontrar...arranhem, pisem, cravem, porque, enquanto não me faltarem as palavras, saberei sempre como vos atenuar!

E, letra a letra, continuo escrevendo a história de mim, até que as palavras me levem de volta ao tempo que procuro, o tempo em que poderei voltar a escrever "SOU FELIZ"

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Encontrando-me


É de uma sensação tão certa,
que faz sentir amor.

É este o meu lugar!

Pertenço à floresta e ao mar.

Sou do espaço que agora piso

e

Seguindo as setas do destino

Acabarei por reencontrar o meu tempo

No mesmo saber genuíno

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Força

Estou orgulhosa de ti avó!
Tanto que a alegria me quer romper o coração!
Fizeste de mim, hoje, uma pessoa mais feliz
Mais forte,
Melhor!

Artrose injusta a do coração
Sem fisioterapia ou anti-inflamatório
Subiste hoje tantos degraus sem bengala,
E embora fique feliz por ter contribuído
O Nobel da força é inteiramente teu!

Ah forte guerreira!
Tanto que me ensinam essas rugas
Tanto me apoiam essas gargalhadas
É música, é elixir, são osteócitos

São pedaços de ti
Que fazem crescer com amor e carinho
Um e mais um
De todos estes...Pedaços de mim
Nesse pequenino tão pequeno que é o simples
Encontro agora tanta grandeza gigante
Tão atento está o meu olhar
Tão sensível o meu ouvir
Tão forte o meu sentir
Encantam-me as árvores e o azul do céu
Puxa-me a lágrima o sol quando se põe
Faz-me sorrir o vento
E eu sinto-me afortunada...
Vejo, oiço, sinto...
Provo, respiro...
Vivo...
Rencontrei a criança perdida em mim
E de mão dada
Passinho a passinho
Sigo pela vida deslumbrando-me
Com o que sempre lá esteve
E eu olhava...mas não via!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008


Ás vezes vem de mansinho, astuta, cautelosa

Avalia, espera

E, inesperadamente, ataca-me!

Solta-se então numa gargalhada

Deixando o corpo num frenesim de bem estar

Limpa a alma e desenha um sorriso

Mesmo quando eu pensava que não podia

Ela vem e caça-me

E eu deixo-me ir ao longo do dia

Arrastada qual troféu

Nas costas da Alegria!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Até onde podemos adiar a vida?

Ás vezes é assim, estranho.
São dias sem sol nem lua, sem bonito ou feio, sem frio ou calor...sem alegria ou dor.
São e pronto.
Acordam e adormecem sem somar minutos.
O corpo inerte caminha sem andar, olha sem ver, acontece sem viver, vive sem aproveitar.
E depois, o hoje já é amanhã e há tantas coisas que ficam adiadas para um futuro sonhado ontem.

Até onde podemos adiar a vida?

Estou assim, presa num passado do qual não me quero libertar.
Qual menina mimada, apetece-me bater o pé e fazer birra.
Não me apetece encarar a vida como ela está.
Mas não o sei fazer....
Acordo e tenho vontade de viver.
Sonho com um futuro limpo, optimista, sem me arrepender.
Raízes profundas, sentimentos fortes, valores solidamente incutidos.

Não sei sair de mim.

Sou a força dela com o coração dele.
Não me sei zangar, não sei culpar, não posso conter em mim revolta.
Sou a vontade de andar sem olhar para trás.

Mas não sei sair de mim.

Tenho medo de avançar e medo de ficar parada.
Sou rio que tem medo da foz.
Não quero ser lago, nem tempestade de mar.

Até onde podemos adiar a vida?

Estou meio perdida
Tenho medo da vida,
Mas muito mais temo,
Que com o meu bilhete de ida
Fique a ver passar a vida
...sem a viver!