sábado, 29 de novembro de 2008

Obrigada!

Percorria as ruas assustada.
Um pânico crescente instalava-se porque as montras e as prateleiras estavam vazias.
E eu desesperava porque queria comprar uma prenda para vocês e faltavam 3 dias.
Acordei sem prenda e um nó de angústia acordou comigo.
Saí do quarto e deparei-me com a árvore...podia jurar que as luzes piscaram...
Sentei-me inebriada e fiquei a contemplá-la...
Anos de memória vieram até mim com uma melancolia leve que me pintou um sorriso nos lábios.
Enrosquei-me e fiquei assim vivendo momentos que não se vão repetir.
Mas nenhum é igual ao outro, cada ano é uma prenda diferente da vida.
A vida será sempre transformação.
Espreitei pela janela. A chuva está forte e o vento empurra o frio por baixo da porta.
A minha coroa de natal caiu. Irritei-me e bradei aos céus pela insolência do tempo.
E que tal uma folga?!?
Fui arranjá-la e não a consegui pôr direita. Ri-me. Este ano tudo está torto, de qualquer maneira...
Abri o mail "o brilho está em ti". Abri o blog, sem nada para escrever "e onde está o brilho dos seus olhos?"
Chorei...e não foi de tristeza.
Tive o pior acontecimento da minha vida este ano...e...o melhor natal!
A minha vida tem sido um natal este ano. Tudo o que é sentimento puro tem estacionado em mim!
Sem cobrança, sem falsa intenção, têm-me oferecido o que de melhor o coração humano pode albergar.
Olhei à volta... Apaguei as luzes e fechei as portadas.
Deixei que só a árvore iluminasse a sala...fiquei, assim, tomando banho nesta mescla de cores.
Ouvi o meu coração...disse-me que hoje estou feliz e eu acredito.
Pede-me para escrever, mas eu não consigo desenrolar esta amalgama de palavras que me atravessam o pensamento.
Mas não preciso, hoje, de muito para dizer o que quero.
Então fica só assim...
OBRIGADA!
Aos que não deixam o meu brilho deixar de piscar,
Aos que fazem da minha vida um Natal!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Será por as Luzes não Piscarem?

Olho para ela...lá está e eu pensei que não fosse estar.
A primeira vitória da razão nesta guerra permanente com o coração.
Não me parece tão mau como pensei que fosse ser...é só...indiferente.

Será por as luzes não piscarem?

Fica só assim, estática, despercebida.
Sem vida...
Mas está lá, fingindo que nesta casa há natal.

Será por as luzes não piscarem?

Não me dói olhá-la como julguei que fosse doer.
Não me faz chorar como achei que fosse fazer.
Simplesmente, não me suscita sentimento nenhum, e não sei o que é pior.

Será por as luzes não piscarem?

Quantas palavras soltei diante da tuas irmãs!
Quantas horas me encantei só de te olhar!
Não me encantas hoje!
Não me inspiras hoje!

Será por as luzes não piscarem?

Não gosto de não sentir!
Não gosto de não conseguir chorar!
Não gosto desta ausência de mim!
Está decidido,

Amanhã vou comprar umas luzes que pisquem...

domingo, 23 de novembro de 2008

Desabafos

De tudo o que senti e sinto, o pior, foi ter-me perdido a mim...
Não sei ser o que esperam de mim...não sei ser o que eu espero de mim...
Não consigo ter, dia após dia, a força que me pedem...
Ás vezes chego a duvidar que existi na vida que outrora tinha
Procuro-me e apareço num sonho que já não sei ter
Pergunto-me "alguma vez cheguei a ser?"
Há dias em que acordo e vou, erguida
Há outros que nem me sinto viva
Serei covarde? Serei má?
Será simplesmente assim, natural, não dar o que não tenho
Desilusão para os outros, par mim.
Não saber todos os dias encontrar-me a mim
Irei crescer, eu sei
Mas para já, deixem-me ser pequenina
Acreditar que não perdi o meu colo, a vida que conhecia
Deixem-me ser egoísta, cobarde, ingrata
Pelo menos nalguns dias
Para crescer nas cinzas do que perdi
Num incêndio que me levou parte da essência,
No fogo que levou parte de mim...

sábado, 22 de novembro de 2008

Porque Não?...

Pára e escuta
Ouve a voz do teu coração
Busca as respostas
Que não encontras na razão

Não perguntes "porquê?"
Mas antes "Porque não?"
Serás mais que outro ser?
Ou fruto da mesma criação?

Não questiones na ignorância
De tamanha dimensão
O que desconheces é maior
Que a tua própria percepção

Chora, quando quiseres
Não faças uso desse travão
Não há nada mais certo
Que a voz do teu coração

Ri também, muito
Sem medo da reacção
Sem culpas, sem questionar
O porquê da manifestação

Que brota em ti sem aviso
Sem aparente explicação
Deita fora a causa
Aprecia a sensação

Deixa de lado o pensamento
Ouve só o coração
E em vez de "porquê?"
Experimenta "Porque Não?"

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Estranha Forma de Ser

Estranhas as formas do céu falar connosco
Estranha a forma como por vezes acordamos para a felicidade
Estranhos os caminhos da vida
Estranhos os cruzamentos que enfrentamos
Estranhas as escolhas que fazemos
Estranha a força que temos
Estranha a tristeza que vivemos

Clarividência nos sonhos que perseguimos
Nas sementes que semeamos
Na dúvida do que iremos colher

Haveria amor num mundo de certezas?

Não estará a felicidade no desconhecido?
No sonhar com o que não sabemos haver?

Não estará a felicidade na descoberta da vida?
No caminho?

Questionar, aceitar, descobrir, querer!
Lutar!
Esperar!
Encontrar!

Criar um suspiro de esperança
Uma vela de luz
Não deixar a vida soprar
E apagar

A Força de Viver!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Festejar DUAS vidas...


Via chegar com os minutos que sumiam...

Mas hoje não a deixo entrar!

Tenho porta blindada de amor!

Tenho cadeados de orgulho!

Amarras de memórias...

É dia de lágrimas doces de alegria

Porque na tua ausência haverá sempre vida!

Dou-te o que te posso dar

Tal como sempre fiz

Dou-te o meu amor, hoje

Na flor que lanço ao mar

Sorrio e ilumino o teu dia

Sou, porque me fizeste

Nos trilhos pisados na areia

Sou pedaço teu vivo, erguido

E será sempre, este

Dia para eu festejar.


Estás e eu sei-o

Mesmo que não te possa tocar

É dia da vida que sempre terás

Rebentando de felicidade

Quando mudamente digo

Que este dia festeja a vida

Do meu pai....

...e da minha outra Mãe!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Não Quero Imaginar, Mas Imagino...Não Quero Dizer, E Não Digo

Às vezes assusta-me. Por quanto tempo irá ferir assim?

Quando menos espero, vem lançada e acerta-me causando uma dor que talvez nunca saiba descrever.

Explode e deixo-a sair na torrente de lágrimas…que a razão não tem força para combater...limito-me a tentar não sufocar.

Vem no mais simples momento mas arrasta tantos pensamentos, que me arrebatam sem os poder ignorar. É o turbilhão de recordações que não queria voltar a experimentar, mas não consigo evitar.

Ontem foi daqueles dias….

Lembro-me da voz dela como se tivesse acabado de desligar o telefone agora mesmo. Disse-me “Até amanhã, se Deus quiser!”
….mas Deus não quis….

Imagino-a a descer as escadas e a ir para a cozinha, sem poder imaginar...

Ele ligou-me. Aquela maravilhosa gargalhada ecoa no meu espírito, prisioneira da saudade. Imagino-o a desligar, ela lá em baixo na cozinha...
…não quero imaginar, mas imagino, não quero falar…e não falo.

Como pode a vida ser tão imprevisível? Segundos antes daquele instante tudo estava imperfeitamente perfeito.
Dou comigo prisioneira dos "se"...como tudo poderia ser e não é...
Não quero imaginar, mas imagino, , não quero dizer, e não digo.

Passo e repasso….martirizo-me imaginando o instante! Vejo e rebobino sem conseguir controlar o comando deste vídeo que não vi...
...que não quero imaginar, mas imagino, que não quero falar, e não falo.

Às vezes parece que tenho a vida suspensa naquele telefonema. Como se pudesse ficar com o auscultador na mão para sempre e não deixasse o momento acontecer… Ligo o número da vida vezes sem conta…mas não obtenho resposta. Como se a vida me dissesse “lamentamos, mas o número que marcou, não está atribuído”.

Às vezes vou mais atrás…tento-me lembrar dos meus pensamentos, dos meus sentimentos, encontrar o que já não me lembro de mim…mas eu não apareço, como se tivesse existido apenas no sonho que agora tenho.

Sinto que o destino me penhorou os meus fiadores de vida, aqueles a quem a dura realidade vai cobrar quando nós não cumprimos a prestação, salvando-nos das consequências de não cumprirmos com as penhoras da nossa vida.

Tenho saudades das palavras….tenho saudades de chamar mãe, tenho saudades de chamar pai.

É nestes dias em que me sinto órfã, em que as memórias e o amor não chegam para preencher a saudade, que sonho que eles voltam…e eu toda sou felicidade quando os abraço e os chamo de meus outra vez.

E quando acordo, choro, por não os encontrar...e por não saber encontrar-me todos os dias.

Não pouso o auscultador e deixo a vida suspensa no meu sonho, imaginando como seria…

…não quero imaginar, mas imagino….não quero dizer, e não digo!

sábado, 1 de novembro de 2008

Momentos

Numa sabedoria
Cada vez mais percebida
Não deixo de aprender
Está no pequeno
Está no agora
Num momento instantâneo
Quando não se procura
Vem mas não fica
E isso pouco importa
Para a Lua, o Sol
Para a Noite, o Dia
Para a Tristeza a Alegria
Para a Saudade, a Memória
Para a morte...o sabor doce da Vida!