Às vezes assusta-me. Por quanto tempo irá ferir assim?
Quando menos espero, vem lançada e acerta-me causando uma dor que talvez nunca saiba descrever.
Explode e deixo-a sair na torrente de lágrimas…que a razão não tem força para combater...limito-me a tentar não sufocar.
Vem no mais simples momento mas arrasta tantos pensamentos, que me arrebatam sem os poder ignorar. É o turbilhão de recordações que não queria voltar a experimentar, mas não consigo evitar.
Ontem foi daqueles dias….
Lembro-me da voz dela como se tivesse acabado de desligar o telefone agora mesmo. Disse-me “Até amanhã, se Deus quiser!”
….mas Deus não quis….
Imagino-a a descer as escadas e a ir para a cozinha, sem poder imaginar...
Ele ligou-me. Aquela maravilhosa gargalhada ecoa no meu espírito, prisioneira da saudade. Imagino-o a desligar, ela lá em baixo na cozinha...
…não quero imaginar, mas imagino, não quero falar…e não falo.
Como pode a vida ser tão imprevisível? Segundos antes daquele instante tudo estava imperfeitamente perfeito.
Dou comigo prisioneira dos "se"...como tudo poderia ser e não é...
Não quero imaginar, mas imagino, , não quero dizer, e não digo.
Passo e repasso….martirizo-me imaginando o instante! Vejo e rebobino sem conseguir controlar o comando deste vídeo que não vi...
...que não quero imaginar, mas imagino, que não quero falar, e não falo.
Às vezes parece que tenho a vida suspensa naquele telefonema. Como se pudesse ficar com o auscultador na mão para sempre e não deixasse o momento acontecer… Ligo o número da vida vezes sem conta…mas não obtenho resposta. Como se a vida me dissesse “lamentamos, mas o número que marcou, não está atribuído”.
Às vezes vou mais atrás…tento-me lembrar dos meus pensamentos, dos meus sentimentos, encontrar o que já não me lembro de mim…mas eu não apareço, como se tivesse existido apenas no sonho que agora tenho.
Sinto que o destino me penhorou os meus fiadores de vida, aqueles a quem a dura realidade vai cobrar quando nós não cumprimos a prestação, salvando-nos das consequências de não cumprirmos com as penhoras da nossa vida.
Tenho saudades das palavras….tenho saudades de chamar mãe, tenho saudades de chamar pai.
É nestes dias em que me sinto órfã, em que as memórias e o amor não chegam para preencher a saudade, que sonho que eles voltam…e eu toda sou felicidade quando os abraço e os chamo de meus outra vez.
E quando acordo, choro, por não os encontrar...e por não saber encontrar-me todos os dias.
Não pouso o auscultador e deixo a vida suspensa no meu sonho, imaginando como seria…
…não quero imaginar, mas imagino….não quero dizer, e não digo!
1 comentário:
Doeu aqui tua saudade...
E se... agora nesse momento pudesse te daria um abraço forte e terno!!! De qualquer maneira sinta-se abraçada!
bjus e até*
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