segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Duas Mulheres Intemporais

MÃE,
Perduras além do tempo que te faltou
Arrastas-te como uma fragrância suave que cheiro em tudo o que vejo, faço ou sinto
Não és o dia que aconteceu quando outra voz te chamou
Cantas neste corpo que trouxeste à vida
Ris na alma orgulhosa que ajudaste a crescer
Sou um coração que não abandonaste
E por isso este dia, mais não representa que o fim dum capitulo, na vida que não acabaste de escrever
Continuas igual ao que sempre conheci
Estás tão forte como sempre te senti
És o que aconteceste e perdurarás além de ti, de mim e do acontecer
Porque pessoas como tu, não poderão, jamais, morrer.



MARIANA,
Nas memórias do tempo, fizeram-te acontecer
E não foi neste dia que deixaste de viver
Estás perto como uma força que fizeram acender junto de mim
E eu abençoo este dia que te fez nascer
Poderes ser, mais que amiga, mãe, avó
Seres este ser que me acolhe em toda a contemplação
Envolves-me num manto de carinho, aconchego, protecção
Festejo a tua vida, hoje, com o mesmo amor com que recordo a que não terminou
E hoje, presenteio-te com a voz que no sono me falou
Disse-me ela que te enviasse um beijinho
Levasse a memória duma vida partilhada que foi soprada levemente para ti
Te desse a voz que te cantou felicidade
E te abraçou num amor que vai além da eternidade


Hoje, por entre as estrelas do meu sonho, duas brilharam mais
Uns olhos de mel sorriram-me um encontro tão conhecido
Disseram-me que sou abençoada
Por ter uma mãe do lado de lá e outra, do lado de cá!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

364 Dias


O peso do tempo abateu-se sobre os meus ombros
Desta vez não se precipitou
Veio soprando de mansinho, invadindo-me sem empurrar
Eu vi-o chegar, e deixei que ele se depositasse em mim
Há lutas desnecessárias
Fiz questão de lhe dar a mão
Deixei-o trazer-me memórias amargas e espetar-me espinhos de dor
Dei-lhe as minhas lágrimas sem soluçar
Já não tens esse poder em mim
Agora tudo é mais calmo
Já não podes disparar o meu coração em agonia
Já não provocas convulsões nas minhas veias
Já não entrecortas o meu respirar
Agora choro em sintonia com a verdade do que não me podes roubar
Confundes-me, sim, concedo-te esse feito
Pareces o ontem, tão reais são as memórias
Pareces o nunca, de tão irreais que elas se me revelam
Atribuo-te, tempo, outro espaço que nem sempre sei reconhecer como meu
Invades-me a memória com a vida que me fez o que hoje sou
Abres um portal em que não te sei contar
E devolves-me a mim mesma, numa nova construção que irei singrar nos alicerces que não perdi
És longo na saudade, demasiado longo
És curto na distância que me separa da acreditação, demasiado curto
Aprendi, porém, que não podes tomar conta de mim
Não me podes devolver ao espaço em que me sopraste o teu fim para eles
Não me podes apagar da memória o espaço em que te arrastaste brindando-me com a sua presença
E não podes ser nos meus sonhos
Não tens espaço aí
Lá eu sou o que quero ser sem relógio, e tu não começas nem acabas
Quase me deixei levar por ti
Mas não posso tempo, voltar a viver o que vivi
Neste agora sou o eu que ainda chora, que não sabe ainda dançar com a saudade
Mas já sou mais que só a dor que ainda não perdi
Por isso, desta vez sou eu que te vou baralhar as datas
Nunca foi o 23, nem o 13, foi no 20 que me mudaste o acontecer
Tudo o que acontecesse a partir daí, dar-te-ia adjectivos de dolorosos punhais
Mas eu não espero pelo 20, tempo, porque há sentimentos intemporais
Hoje, tempo, levito na minha força, e o teu peso nos meus ombros, não aceito, jamais!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Ao Amor


A noite era de luar

A lua afundada no imenso mar

Negro de escuridão

Sem estrelas, só ela e a solidão


O vento suspirava o silêncio

Quando surgiste sem avisar

Caminhavas sereno mas decidido

Eu olhei-te e deixei-me levar


Hipnotizada pela tua magia

Senti a corrente de ar

O cheiro leve da maresia

O toque brusco do luar


Levantei-me a tremer

Mas dei-te a mão sem hesitar

Senti medo sem ter que temer

Confundi a dúvida com o acreditar


Invadiste o meu corpo

Espelhaste-te no meu respirar

Desenhas-te um mapa torto

E perguntaste-me"queres viajar?"


Assim te conheci, sentimento sem definição

Devastaste tudo o que é escuridão

Para depois despedires a dor

Acordares a alegria e dizeres:

O meu nome é AMOR


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Mudez

Por vezes é só aquela vontade grande de dizer
Dizer até porque a espera é tão grande, quanto o sonho necessário
Contar dos lugares do ser,
Do imaginário, do que sinto, só porque sim!
E o texto, é o desejo recortado de um coração incompleto
Esperando a plenitude do encontro
Ou a solidão infinita do sujeito...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Em Que Mãos Estamos Nós?

Sabem aqueles dias em que não apetece ir dormir?
Aqueles dias em que apetece aproveitar cada gota de tempo, antes de o deixarmos correr por nós sem oposição?
Hoje NÃO é um desses dias!
Quero ir dormir e adormecer comigo a imensidão de emoções que hoje acordaram comigo.
Mas não consigo, não sem antes as vomitar, seja de que forma for. Não as levo comigo para a cama outra vez. Elas não dormem comigo, violam o meu leito de consolo, os meus sonhos, agitam o meu sossegar.
Não questiono a vida, já o disse. Acho que o nosso conhecer do mundo é demasiado pequeno para questionar os trilhos que a vida nos faz percorrer.
Mas, no que se trata ao que se passa cá em baixo, aquilo que os nossos olhos vêm, aquilo que a ciência pode provar, ai, não me calem a voz da revolta!
Assisti ao melhor da medicina, clínica e emocionalmente, devo dizer!
Mas isto!!!???
Não entendo! E não aceito!
Aceito erros, mas jamais aceitarei o encolher de ombros, a negligência, a INDIFERENÇA, a incongruência, a falta de dedicação, o DESLEIXO!
Jamais aceitarei que façam passar uma família inteira por tamanha preocupação e que coloquem em risco a vida de uma criança, adolescente, adulto ou idoso, por pura FALTA DE DEDICAÇÃO, por AGORA NÃO ME APETECE, NÃO QUERO SABER!!!!!
É isto que sinto e que me perdoem a maioria (espero) dos médicos deste país, pela revolta causada por estes incompetentes que me incendiaram assim!
Ganham MUITO, têm regalias que nenhuma outra profissão possui, acho muito bem! Têm também uma responsabilidade como poucas outras (mas não são únicos) e é com isso que justificam essas regalias. Então CUMPRAM-NAS, AJAM DE ACORDO COM A RESPONSABILIDADE COM A QUAL JUSTIFICAM O ORDENADO QUE RECEBEM E O IVA QUE NÃO PAGAM!!!
Há 4 anos que exerço medicina veterinária e NUNCA tratei um paciente meu com a negligência, indiferença que trataram o meu sobrinho. Uso o passado, porque espero que hoje, sejam mãos dedicadas que o auxiliam.
Desiludiu-me este sistema de saúde, estatal e particular!
ASSUSTA-ME! Assusta-me esta peça numérica e estatística, sem alma e coração que nos tornámos para os "profissionais" de saúde. Assusta-me esta falta de motivação, de dedicação de quem trata de nós. Assusta-me esta descartibilidade do individuo enquanto vida.
Em que mãos estamos nós, meu Deus, quando o corpo prega partidas à alma?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009




Meu amor "piquinino", mostra-nos a todos que a força não está no tamanho!


domingo, 1 de fevereiro de 2009

Maré Boa


É bom lembrar assim

Sem pressas de correr a memória

Sem sufocar nas mãos da dor

Ter tempo de saborear

Sem medo de continuar