
Procura nos versos acumulados em mim
Na falta da tinta que não os derramou sobre o papel
Nos buracos que se abriram pelas ausências que não regressaram
Nos sorrisos que se abriram em cada sol que despertou em mim
Nos músculos fatigados pelo gosto de me cansar assim novamente
Nas críticas por não aprender a gerir o meu tempo
Agora que sei que há amanhãs que não se repetem
Deixo lá as palavras que ficaram por dizer, porque a vontade não superou o cansaço
Deixo lá a falta de dizer o que não disse, porque o sono superou a voz
Deixei de me preocupar com o que ficou por contar
Deixei de me angustiar com o tempo que não tenho, ou não sei ter
Não há aprendizagens perfeitas
E viver o momento, não significa poder ser tudo o que temos para ser num dia
Não sei viver pensando que posso não ter amanhã
Adoro esta sabedoria, saber estar só com o silêncio
Saber estar sem fazer nada e aproveitar tudo o que esse nada tem
Adoro ficar atordoada sem saber para onde me virar
Adoro resmungar por não ter tempo para tudo
Adoro isto tudo que me tem abraçado nesta última semana
Voltar a ser eu com a vida que eu tinha
Sentir o prazer imenso de fazer o que gosto
Saber que este buraco que tenho em mim me vai acompanhar sempre
Mas aprender a remetê-lo para um canto em que não é a expressão de mim
Eu acordei, de um sono em que incubei a Filipa que conhecia
E comigo acordou uma outra que se fez
É de novo o meu tempo, voltei a mim
Sou um sorriso que grita, amigos.... VOLTEI A SER FELIZ!